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Teresina - Piauí

Fé e resiliência: mãe de 7 filhos conta como seguiu em frente após morte do marido

O marido de Renata, o advogado Francisco Alysson, morreu aos 39 anos, vítima de um AVC hemorrágico.

Nessa doce e difícil jornada que é a vida, enfrentamos desafios que testam a nossa força e a capacidade de nos adaptarmos a circunstâncias inesperadas. A história da advogada e confeiteira Renata Rian, 33 anos, que vamos contar neste início de 2024, é um testemunho comovente de resiliência e amor, marcada pela tragédia de perder o marido, o advogado Francisco Alysson, 39 anos, vítima de um AVC hemorrágico, em março de 2023, em Teresina.

Com sete filhos, Renata se viu diante de uma encruzilhada, que exigiu não apenas coragem, mas também uma extraordinária dose de determinação para superar as adversidades.

Foto: Alef Leão/GP1Renata com cinco dos sete filhos
Renata com cinco dos sete filhos

Em um ambiente acolhedor e com semblante no rosto que transmitia paz e serenidade, Renata recebeu a nossa reportagem em seu apartamento onde vive com os sete filhos. No dia da entrevista, dois deles estavam com a avó.

Amor à primeira foto

Ao contar como se conheceram, Renata brincou que foi “amor à primeira foto” através da irmã de Francisco. “A gente se conheceu, namorou, noivou e casou em três meses e 15 dias. Foi muito rápido. Em dezembro de 2009, quando eu estava no quarto período de Direito participei de um projeto voluntário onde eu conheci a irmã dele, que participou na área de Enfermagem”, contou.

“Lá no projeto ela tirou várias fotos e descarregou essas fotos no computador de casa. O Francisco viu a foto, perguntou quem eu era e disse que ia casar comigo [contou aos risos]. Foi amor à primeira foto. Começamos a nos conhecer pelo falecido Orkut e depois passamos para o MSN”, completou Renata Rian.

Foto: Alef Leão/GP1Renata em um momento de descontração com as filhas
Renata em um momento de descontração com as filhas

Contudo, os dois só se viram pessoalmente quatro meses depois, na véspera do feriado de Tiradentes. “Nós só nos conhecemos pessoalmente, em 20 de abril de 2010. Saímos para o Coco Bambu, tomamos um suco, comemos um pastel, mas não teve nada, nem pegamos nas mãos, nem beijo na boca, nada”, disse Renata.

Pedido de casamento

O pedido de casamento veio um mês depois do primeiro encontro e da mesma rapidez que foi a pergunta do Francisco, foi também a resposta de Renata. “Depois ele ficou querendo alguma coisa, mas eu só dando ‘gelo’. Quando foi lá pelo dia 20 de maio, ele me chamou para sair de novo e foi quando ele perguntou se eu queria casar com ele, simples assim, sem beijo na boca, sem nada, já pulou o namoro direto para o pedido de casamento, e eu aceitei”, lembrou.

“Nós passamos 12 anos juntos e tivemos sete filhos. Eu engravidei do Joaquim com cinco meses de casada, ele foi o primeiro, hoje ele tem 12 anos, logo depois foi o Vicente, que tem 10 anos, Matias, que tem 6 anos, Adália, de 5 anos, a Liana tem 3 anos, a Tereza de 2 anos e a Maria que vai fazer 1 ano em janeiro”, completou Renata Rian.

“Morte é vida”

“Uma coisa que a gente sempre fez muito foi conversar sobre a morte, sempre. Parece que Deus já prepara as coisas. Para nós, católicos, morte é vida, é quando você passa daqui para aquilo que realmente importa, que é a vida eterna, que é o destino que todos os cristãos buscam. Claro, que a gente não espera e nem quer que seja logo, inclusive, a gente estava fazendo planos para a nossa velhice, mas aí a vida deu essa volta doida. Então, por ser um assunto natural, seria uma coisa certa que aconteceria na nossa vida, só não sabíamos quando, mas que quando chegasse o momento a gente estaria preparado”, contou Renata sobre como foi lidar com a morte do marido.

Foto: Alef Leão/GP1Renata Rian
Renata Rian

Como a morte sempre foi muito bem trabalhada no ambiente familiar, os filhos, segundo Renata, não sofreram tanto para entender o que aconteceu com o pai. “Não foi tão difícil porque a morte era uma coisa bem trabalhada aqui em casa e também porque eu não olho para os meus filhos como os coitadinhos, que não têm pai e nunca deixei que ninguém olhasse dessa forma. Eu fui criada sem pai, sou órfã de pai vivo e Deus cuidou de mim até aqui”, ressaltou.

“Então, eu acredito muito que se Deus permitiu que isso acontecesse, assim seria melhor para a nossa vida, para a salvação de nossas almas, claro, que a gente nunca decidiria por isso, mas se foi assim que Deus decidiu, por que a gente não pode aceitar isso com alegria? Porque a vida do cristão é cruz, quem acha que vem para essa vida só para ser feliz, está errado. A minha cruz era essa ou talvez nem seja essa ainda, pode ser que eu ainda venha a enfrentar aquilo que seja a minha cruz. Realmente é encarar a realidade de que o que aconteceu foi porque Deus quis, vamos aceitar, e vamos ser felizes com a nossa realidade, dentro das nossas circunstâncias”, continuo Renata Rian.

“Eu sempre falei isso para os meus filhos, que se aconteceu isso com o papai foi porque Deus quis. Era o que a gente queria? Claro, que não, mas a gente vai ter que seguir daqui para frente dessa forma e vamos ser felizes”, decretou Renata.

No controle da situação

Apesar de toda a dor causada pela morte do marido, Renata escolheu tomar a frente da situação e resolver a parte burocrática. “Eu tive ajuda da minha mãe, de uma funcionária na época, e foi um suporte essencial, mas pelo meu jeito, pelo jeito que eu faço as coisas eu não quis muita ajuda na parte burocrática, porque eu precisava manter o controle da situação e só conseguiria isso se eu tomasse conta de tudo. Então, fui eu que escolhi o caixão, a lápide, o local porque eu não queria ficar com sensação posterior de que poderia ter sido diferente”, explicou.

Foto: Alef Leão/GP1Filhos brincando na sala
Filhos brincando na sala

“O maior desafio é ausência do pai, do marido, do cuidador, do protetor, porque era ele quem cuidava financeiramente de tudo. A ausência dele ainda é muito dolorida, no começo foi muito difícil, mas é algo que a gente já vem se acostumado. Saber que ele não vai chegar, é bem difícil”, disse Renata Rian.

Situação financeira

Após a morte de Francisco Alysson, Renata chegou a fazer uma 'vakinha' para ajudar financeiramente a família. Segundo ela, o dinheiro arrecadado foi essencial, mas depois ela foi em busca de outras rendas.

“A vaquinha nos deu uma segurança por um tempo, ela nos ajudou emocionalmente a passar por isso, inclusive, logo em seguida eu lancei o curso on-line de bolos que vendeu muito. Eu já trabalhava com bolos, passei um tempo parada, mas retornei com os bolos e eu já tinha planos de colocar curso on-line, porque eu tenho um produto muito bom e tudo o que aconteceu só acelerou isso. Foi gravado o curso on-line, vendemos muito bem e eu continuo fazendo o curso on-line que vai ser relançando, mas também vou fazer os cursos de bolo presencial”, contou Renata.

Entretanto, o trabalho na produção de bolos não será retomado, no momento. “Eu sei que serão muitas encomendas, porque eu me tornei uma pessoa conhecida pelo que aconteceu e eu não daria conta da demanda de produção, então para evitar isso eu preferi não trabalhar com a produção no momento, mas pode ser que eu volte”, frisou.

Cartas para o céu

Foto: Alef Leão/GP1Cantinho do apartamento com a foto de Francisco Alysson
Cantinho do apartamento com a foto de Francisco Alysson

Bastante ativa no Instagram, com mais de 42 mil seguidores, Renata tem mostrado a rotina com sete filhos, além de escrever cartas para Francisco. Desde a sua morte já foram cinco textos que mostram um pouco do que foi a vida deles e que têm emocionado todos que as leem.

“Foi uma forma que encontrei de estar relembrando algumas coisas, acontecimentos e, de certa forma, contar o que tem acontecido também. Tem muita gente que está tendo esse cuidado e carinho com a gente e eu queria, de alguma forma, preservar isso que as pessoas sentem”, afirmou Renata Rian.

Vivendo o agora

Renata disse ainda que evita pensar no futuro e que prefere viver o agora. “Eu costumo não pensar muito na frente, eu vou vivendo um dia de cada vez, porque acho que esse é o segredo, a própria palavra de Deus fala isso, para cada dia basta as suas próprias preocupações”, citou.

Mensagem de fim de ano

Foto: Alef Leão/GP1Confeiteira e advogada Renata Rian
Confeiteira e advogada Renata Rian

“Tudo passa, como diz minha mãe, até a uva passa [risos], e Deus faz nova todas as coisas. Muitas vezes, a gente passa por alguma dificuldade e acha que é o fim do mundo e não é, simplesmente passa, você se adapta com a situação, você consegue ser feliz de outra forma, coisas inimagináveis acontecem. A gente acredita que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus e, assim, a gente vai seguindo e acreditando que os dias melhores, que já estamos vivendo, virão mais”, desejou Renata Rian.

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