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Saúde

Prefeito de Bagé é investigado por alterar fila da vacina

Divaldo Lara disse que agiu para evitar colapso na segurança pública.

Mesmo após ser alvo de uma investigação do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP/RS), o prefeito de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, não recuou na decisão de alterar a fila de imunização na cidade. Divaldo Lara (PTB) decidiu antecipar a vacinação dos agentes de segurança da cidade, passando a frente dos presidiários, grupo que deveria ser vacinado antes de acordo com o Plano Nacional de Imunização.

Divaldo está sendo investigado criminalmente e administrativamente, pois, no entendimento do MP/RS, gestores municipais não podem alterar o plano federal, independente do mérito. Caso ele venha a ser indiciado e condenado no decorrer das investigações, Divaldo pode perder o cargo.

O prefeito afirma que decidiu inverter a ordem de vacinação para evitar uma crise de segurança. “Eu estava à beira de um colapso na segurança pública. O presídio prestes a explodir um motim, porque metade dos agentes de segurança estavam afastados por suspeita ou contaminação e eu não tinha outra alternativa'', afirma Divaldo.

De acordo com o prefeito, cerca de 400 agentes de segurança foram imunizados e a alteração não comprometeu o calendário da cidade. “Já comecei a vacinar a população de 69 anos, as vacinas que utilizamos eram as que sobraram das outras faixas. O que é muito importante deixar registrado: eu não irei vacinar aqui na cidade os presidiários e os bandidos antes dos trabalhadores da segurança.”

A imunização de presidiários segue um protocolo já antigo no Brasil de outras campanhas de vacinação, como da H1N1, na qual se imuniza pessoas em cárcere para evitar a proliferação da doença. Como presidiários estão concentrados em um local, o risco de contágio é maior, tanto para a população carcerária, quanto para a sociedade como um todo.

Questionado se não seria melhor manter o plano nacional de vacinação, ou vacinar os agentes penitenciários ao mesmo tempo que os presidiários, Divaldo argumentou que o risco de contaminação é externo às paredes prisionais. “O vírus ele não vai do presídio para fora, ele vai de fora para o presídio. Então, quem pode levar esse vírus para dentro do presídio são os próprios trabalhadores”, afirma o gestor municipal, garantindo que há mais de um ano os presidiários não recebem visitas, nem mesmo dos advogados.

Queda de braço

Segundo o prefeito de Bagé, a denúncia e consequente investigação pela mudança na ordem de vacinação já havia sido sinalizada pela secretária de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergmann. A animosidade entre governo estadual e municipal não é nova, já que Divaldo se mostrou contrário à decisão do governador Eduardo Leite (PSDB) de determinar bandeira preta para todo Estado e acabar com o sistema de cogestão.

“Na nossa avaliação, o governo do Estado cometeu um erro agora, porque esse lockdown deveria ter sido feito antes do Carnaval”, criticou Divaldo ao falar sobre a decisão de restrições para todo Estado. O prefeito ainda afirma que não respeitará caso Leite decida novamente restringir as atividades de maneira unilateral. “O governo do Estado não fechará mais a nossa cidade, já fechamos essa questão.”

Mesmo sendo do partido que é base do governo estadual, Divaldo está mais alinhado com o governo federal do que com o colega de partido, Ranolfo Vieira Júnior, que ocupa o cargo de vice-governador. Ele avalia positivamente o trabalho comandado pelo presidente Jair Bolsonaro. Segundo o prefeito, a distribuição de vacinas tem sido satisfatória, assim como o envio de recursos federais ao município.

Bagé tem hoje uma situação confortável em termos de ocupação dos leitos de UTI Covid, com 44,7% de ocupação. Em todo Rio Grande do Sul, 72,9% destes leitos estão ocupados, o que também já é uma evolução na comparação com as últimas semanas, quando o sistema de saúde do Rio Grande do Sul colapsou. Em razão disso, o governo estadual decidiu abrandar as restrições impostas pela bandeira preta no início de março.

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