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CRM cogita pedir intervenção no hospital público, um dos maiores do interior do Piauí


Tirando sangue de onde não tem

Uma fiscalização realizada pelo Conselho Regional de Medicina e pela Associação Piauiense de Medicina apontou uma série de irregularidades no Hospital Regional Justino Luz, de Picos. Diante das constatações, o CRM cogita pedir intervenção no hospital, um dos maiores do interior do Piauí.

Dentre as irregularidades encontradas pelos fiscais do CRM e da APM, estão: a ausência de um diretor clínico no hospital há mais de quatro meses; o funcionamento da urgência e emergência no mesmo espaço físico do ambulatório; a ausência de médico presencial na unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o número reduzido de médicos.

"Alguns médicos estão tendo desvio de função, pois são obrigados a atender em áreas que não são de sua especialidade. Tudo isso por conta do número reduzido de profissionais. E isso causa uma sobrecarrega", destacou o delegado do CRM em Picos, dr. José Almeida Leal, em entrevista ao portal cidadeverde.com, em abril passado.

A fiscalização foi realizada no dia 12 de março. O médico informou que foi dado o prazo de um mês para que se chegasse a uma solução para tentar evitar que houvesse a intervenção. "Nesse prazo nada foi feito", informou. Com 120 mil procedimentos e 10 mil internações em 2009, o Hospital Regional Justino Luz atende a 42 municípios da região, além de outros do Ceará e de Pernambuco.

O hospital já contou com recursos da ordem de R$ 600 mil/mês e agora o valor do repasse não vai além de R$ 200 mil. Enquanto um hospital público da importância do Justino Luz agoniza, certamente por falta de investimentos, o Governo do Estado, através da Secretaria de Saúde, celebra convênio nebuloso para vitaminar financeiramente uma ONG, a Associação ProBrasil.

Por esse convênio, o poder público se compromete a equipar uma policlínica construída pela ONG e repassar, mensalmente, pelo menos 60% dos recursos do Sus para ela. Ou seja, se já falta dinheiro para o hospital Justino Luz, a situação ficará ainda mais crítica. É como tirar sangue de quem já não tem.

*Zózimo Tavares é editor chefe do Jornal Diário do Povo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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