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Promotor Francisco de Jesus reconta a lenda do Cabeça de Cuia


Para prevenir e erradicar a violência contra mulher, o Ministério Público do Estado do Piauí, através da 5° Promotoria de Justiça, órgão de execução do NUPEVID, expediu notificações recomendatórias ao Governo do Estado, Prefeitura Municipal e Secretarias de Educação estadual e municipal para que promovam discussões e releituras acerca da lenda do Cabeça de Cuia, pois, segundo o promotor de justiça Francisco de Jesus Lima, a lenda contraria a Constituição Federal de 1988, Convenção de Belém do Pará e a Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha, quando ali naturaliza diversos crimes praticados contra mulher: violência física, estupro, feminicídios, dentre outros.

Para o promotor Francisco de Jesus, o poder público deve adotar medidas administrativas que assegurem os direitos das mulheres, garantindo-lhes viver sem violência, preservando-lhes sua saúde físico-mental, intelectual e moral.

  • Foto: Marcelo Cardoso/GP1Promotor Francisco de JesusPromotor Francisco de Jesus

Cabeça de Cuia é uma lenda da região nordeste do Brasil, mais precisamente criada no estado do Piauí. A lenda do Cabeça de Cuia trata-se da história de Crispim, um jovem pescador que morava nas margens do rio Parnaíba e de família muito pobre. Em uma das épocas de poucos peixes no rio devido às suas cheias, Crispim e sua mãe sofriam com a fome.

Na versão recontada pelo promotor de justiça Francisco de Jesus, as violências de gênero são retiradas e no cenário aparece Vilma, irmã de Crispim.

Confira a história abaixo

Crispim saiu cedo para pescar, porém naquele dia nada conseguiu do rio. Sua mãe se compadecendo com a situação, foi pedir à vizinha algo para que pudesse fazer o almoço de seu filho. Porém a única coisa que lhe foi oferecido foi um osso de boi, assim, a mãe de Crispim fez uma sopa rala, sem carne, com o osso apenas para dar gosto à agua, que vinha misturada com farinha em forma de pirão.

Nesse dia, ao voltar cansado e frustrado da pescaria, Crispim pediu à mãe o que comer e ao se deparar com a sopa de ossos, revoltou-se com o contexto social em que viviam as famílias ribeirinhas. Diante o descaso do poder público, no outro dia, Crispim reuniu as famílias ribeirinhas formando uma associação de moradores, com pauta de reivindicações aos poderes públicos, dentre elas políticas públicas de saúde, trabalho, segurança e educação.

Vilma, irmã de Crispim, estudante do Liceu Piauiense, tornou-se delegada de polícia e já naquela época, reivindicava políticas de igualdade de gênero e reprimia com seu trabalho todas as formas de violações aos direitos das mulheres, salvando “Marias” das diversas formas de violências.

Crispim se tornou policial militar do Corpo de Bombeiros e ainda hoje alguns moradores da região afirmam que Crispim aparece às margens dos rios Parnaíba e Poty, usando seu capacete vermelho, protegendo banhistas e pescadores, indicando-lhes os locais de pescas, protegendo-os dos buracos feitas pelas dragas de extração de arreias. Eleonora, mãe de Crispim, faleceu aos 90 anos de idade de morte natural e, orgulhosa, pediu para ser sepultada com as fotos onde aparecia nas formaturas de Vilma e Crispim.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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