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Economia e Negócios

Caminhoneiros autônomos pedem a Bolsonaro auxílio de R$ 2 mil

O presidente da União Nacional dos Caminhoneiros, José Araújo Silva, considera insuficiente para os profissionais autônomos o valor de R$600 anunciado pelo governo.

Base de apoio eleitoral do presidente Jair Bolsonaro, os caminhoneiros pressionam o Palácio do Planalto por um auxílio mensal de R$ 2 mil durante a pandemia da covid-19. O valor é mais que o triplo dos R$ 600 anunciados pelo governo como renda emergencial, inicialmente por três meses, para os trabalhadores informais, autônomos, desempregados e microempreendedores individuais.

Parte da categoria manifesta insatisfação com esse benefício oficial, liberado nesta terça-feira, dia 7. Os caminhoneiros também podem se cadastrar ao benefício, desde que sigam as regras do programa, como renda mensal por pessoa de até R$ 522,50 ou renda familiar de três salários mínimo (R$ 3.135).

Uma das entidades representativas dos motoristas autônomos, a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) encaminhou o pedido de R$ 2 mil por ofício a Bolsonaro e aos ministros Braga Netto (Casa Civil) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). A entidade enumerou medidas já anunciadas para outros setores afetados, para justificar a edição de um ato específico para os caminhoneiros, enquanto durar a pandemia do novo coronavírus.

"Aos trabalhadores celetistas e informais as recentes medidas, ainda que limitadamente, acolhem; aos setores empresarial, agronegócio, serviços e comércio em geral, as propostas da área econômica tendem a ajudar. Todavia, no caso dos caminhoneiros autônomos é preciso, urgentemente, ser editada medida voltada a dar guarida às necessidades básicas dessa categoria", diz a Unicam no ofício, assinado em 27 de março.

"Assim, sugerimos que, na forma como liberada verba estatal para custear a folha de pagamento de empresas, para que não ocorram demissões, seja liberado, por caminhoneiro autônomo, ao menos R$ 2 mil por 3 meses, como medida humanitária que garanta a esses heróis da estrada o sustento de suas famílias."

A Unicam diz que não obteve retorno sobre o pedido de R$ 2 mil por até três meses específico para a categoria. O governo respondeu protocolarmente enumerando as medidas provisórias editadas com impacto econômico e a sanção da lei que prevê o auxílio emergencial de R$ 600.

O presidente da Unicam, José Araújo Silva, o China, considera o valor insuficiente. Ele reclamou que os caminhoneiros estão em dificuldades há tempos e não foram alcançados por propostas anteriores do governo Bolsonaro, como linha de crédito para financiar a manutenção dos caminhões.

“Seicentos reais não vai dar para a gente fazer nada. Caminhão quebra", diz China, em áudio divulgado pela Unicam. "Respeito o que o governo está fazendo, mas para caminhão isso não vai mudar nada. Vai talvez até irritar o caminhoneiro, que vai acabar numa situação dificílima, ficando sem caminhão."

Greve

O governo federal teme uma nova greve de caminhoneiros. A paralisação é apontada como um movimento capaz de causar desabastecimento nas cidades, como ocorreu em 2018. Recentemente, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, reconheceu dificuldade no transporte da produção agrícola e ligou o problema de distribuição ao aumento de preços nos supermercados.

Nas redes sociais, circulam relatos de caminhoneiros insatisfeitos com a queda na demanda pelo serviço e com dificuldades enfrentadas para trabalhar nas estradas sem serviços de apoio, como oficinas e restaurantes.

A Unicam afirma que a queda no mercado de transporte (empresas e autônomos) chega a 25%. Segundo a entidade, o volume de carga transportada caiu 85% em alguns segmentos.

O governo federal acertou com os Estados a liberação de oficinas, borracharias e restaurantes e decretou o transporte e entrega de cargas em geral como serviço essencial.

Campanhas de iniciativa privada passaram a distribuir aos caminhoneiros kits de higiene com álcool em gel, luvas e máscaras e quentinhas nas estradas. O Ministério da Infraestrutura fez lobby e conseguiu incluir os caminhoneiros como um dos grupos prioritários na campanha de vacinação contra a gripe.

Antes alinhados no apoio a Bolsonaro, há atualmente um racha na categoria, que possui várias representações formais e informais em âmbito nacional. Parte dos caminhoneiros autônomos defende as medidas de isolamento, enquanto outros as questionam até na Justiça.

Por enquanto, lideranças de caminhoneiros autônomos descartam uma nova paralisação nas estradas. Há entidades favoráveis ao isolamento de pessoas em grupos de risco para a covid-19 (como idosos e doentes), em linha com o que prega o presidente Jair Bolsonaro, mas contra as recomendações do Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde (OMS), que defendem o distanciamento social irrestrito.

“A defesa do isolamento vertical é necessária para que possamos proteger as pessoas que amamos que estão no grupo de risco, mas que também possamos continuar a ter a possibilidade de mantermos o sustento de nossas famílias”, disse em nota Wallace Landim, o Chorão, da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), um dos que chegou a cogitar a greve. “Ressaltamos que não haverá novas paralisações dos caminhoneiros na próxima semana. A categoria, juntamente com a Abrava, não aceita que pessoas inescrupulosas utilizem a pandemia para realizar nenhum ato político em seu nome.”

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