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Equador não consegue recolher os corpos de vítimas do coronavírus

Em meio ao aumento no número de casos, corpos ficam na rua ou em casa por dias, segundo a imprensa local.

Em meio ao crescimento de casos de coronavírus no Equador, o país enfrenta dificuldade para recolher os corpos de infectados que morrem no meio da rua ou em casa, sem ajuda.

O governo do país disse nesta terça-feira, 31, que resolverá os atrasos na coleta de corpos na cidade de Guayaquil, a mais afetada por infecções por coronavírus, onde são relatadas mortes em bairros populares e áreas turísticas.

O governo reconheceu dificuldades em retirar os corpos dos mortos de suas casas, sem ter certeza de que foram infectados pelo vírus, devido à restrição de movimentos, toque de recolher e nervosismo da população.

Além disso, o governo apontou que existem corpos nos hospitais que não foram removidos pelos familiares, sem especificar o número.

Nos últimos dias, equatorianos tem postado fotos e vídeos em redes sociais de corpos de vítimas em calçadas e na rua.

Uma das mais impressionantes é de um homem que morreu enquanto esperava numa fila para fazer compras. Os policiais consultados pela Reuters disseram que o corpo demorou mais de dois dias para ser removido.

"A intenção do governo é que todos, não apenas os mortos pelo COVID-19, mas todos os que morrem hoje em dia na cidade de Guayaquil (...) tenham um enterro digno, acompanhado pelo representante da religião que professam”, disse o vice-presidente regional Otto Sonnenholzner, em uma conferência de imprensa.

O governo também criou uma força especial, que inclui os militares e será responsável pela remoção e enterro dos corpos, enquanto instala um cemitério público.

Sonnenholzner disse a um canal de televisão que o número de mortes com sintomas de vírus está aumentando e até 10 mortes por dia são relatadas em hospitais da cidade.

A província de Guayas, onde está Guayaquil, abrange mais de 70% do total de infectados pelo vírus, que na segunda-feira totalizou 1.966 casos positivos, dos quais 62 morreram, segundo dados oficiais.

Funerárias lotadas

Segundo o jornal el Comercio, do Equador, Luiggi Ponce, de 22 anos, pediu ajuda na segunda-feira para remover o corpo de um parente de sua casa, localizada em um bairro popular de Guayaquil.

"Meu tio morreu há quatro dias, de pneumonia, estava com febre, não conseguia respirar, apresentava todos os sintomas", disse Ponce à Reuters por telefone. "O corpo está completamente embrulhado em plástico, toda a casa cheira mal, cinco crianças e sete adultos vivem em casa", disse ele.

Filas longas de parentes têm procurado nos cemitérios do lado de fora, procurando um lugar para enterrar um parente, segundo a mídia local, mas os gerentes dos cemitérios reconheceram que sua capacidade de resposta era menor.

"Você pode realizar entre 24 ou 25 processos de cremação por dia, mas o problema é que o número de mortos é maior", disse à Reuters Sebastián Barahona, coordenador da Federação Nacional de Casas Funerárias.

"Em Guayaquil, há pelo menos cinco vezes mais número de mortos do que em um mês normal", disse ele. "Nossa capacidade de resposta não é a mesma exigida por essa emergência."

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