Thais Guimarães
A delegada Luana Alves, titular do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), concedeu entrevista ao GP1 na manhã deste domingo (12) e falou sobre a dinâmica do crime que tirou a vida de Caroline Naiane Brito Barbosa na noite deste sábado (11) em Teresina. A médica foi assassinada a facadas no seu apartamento pelo ex- companheiro, Kelson Alencar. A morte foi presenciada pela filha da vítima, de apenas cinco anos de idade.
A vítima foi morta com inúmeros golpes de faca. De acordo com a delegada, o número exato de lesões é constatado somente através de laudo do Instituto de Medicina Legal (IML), que é emitido posteriormente, porém, pelo que ela e os peritos que analisaram a cena do crime contaram, foram pelo menos 18 facadas.
- Foto: Brunno Suênio/GP1
Delegada Luana Alves
“Com uma análise bem superficial, contando as lesões no local do crime, não estou falando de laudo do IML, juntamente com o perito de local de crime, que não é médico legista, foram contadas 18 facadas. Só que podem ter mais, de acordo com o laudo do IML”, afirmou Luana Alves.
Livre acesso ao condomínio
Segundo informações coletadas pela polícia, Kelson Alencar tinha livre acesso ao condomínio Colinas do Poty, onde morava a vítima, por conta da filha pequena que os dois tiveram. “O investigado entrou no condomínio, ele tem livre acesso ao condomínio em razão da filha”, explicou a delegada.
Arrombou a porta
A titular do Núcleo de Feminicídio levantou que o acusado chegou ao apartamento e bateu na porta se fazendo passar por um entregador de comida. Como a vítima não abriu, ele acabou arrombando a porta.
- Foto: Reprodução/WhatsApp
Caroline Nayane morreu a facadas
“Chegou no apartamento, bateu na porta, disse que era delivery, a vítima não abriu, ele arrombou a porta, encontrou a vítima já na cozinha, pegou uma faca da casa e atingiu a vítima”, relatou.
Filha viu tudo
A delegada informou ainda que a criança de 5 anos, após presenciar o crime, foi levada pelo pai para a casa da avó materna. “Logo após o crime o suspeito pegou a filha e entregou na casa da avó materna, que fica no mesmo condomínio, só que em outro bloco. Deixou a criança lá e saiu em direção a Água Branca, porque ele morava em Água Branca com os pais”, colocou.
Acidente na BR 316
Kelson Alencar acabou morrendo pouco tempo depois de ter assassinado a ex- companheira. Ele fugiu em seu carro, um Chevrolet Cruze, e se envolveu em um acidente com uma carreta na BR 316, a caminho do município de Água Branca.
- Foto: Reprodução/WhatsApp
Carro ficou completamente destruído
“No meio do caminho para Água Branca, antes de chegar em Demerval Lobão, foi acionada a PRF porque houve um acidente, uma colisão frontal de uma carreta com um veículo branco, e informações lá no prédio da vítima é que o suspeito tinha ido até lá com um veículo branco. Quando a gente foi até a PRF, o inspetor da PRF analisou a placa do veículo branco e viu que o proprietário do carro era a mesma pessoa suspeita do crime de feminicídio. O corpo foi carbonizado, teve um incêndio no local, não tem como a gente confirmar que o corpo que estava lá naquele veículo branco era o corpo do Kelson, isso só vai ser verificado com possível comparação de arcada dentária ou uma comparação genética, coletando material biológico, isso vai ser com o Instituto de Criminalística e o Instituto de DNA”, narrou a delegada.
Investigação
Por fim, a delegada Luana Alves explicou que, embora o suspeito do crime tenha morrido no acidente, a Polícia Civil ainda vai investigar o caso. “Mesmo tendo a suspeita do autor ter sido morto, o inquérito está sendo instaurado, vão ser pegos depoimentos de testemunhas, para verificar se existiam agressões anteriores, para explicar a dinâmica criminal, determinar a materialidade e a autoria. Tudo isso tem que ser através da investigação”, ressaltou.
A morte de Kelson Alencar também será investigada. “Iniciamos nos dois locais de crime, que foi o apartamento da vítima e a BR 316 onde ocorreu o acidente, e também tem que verificar se foi um acidente de trânsito ou um suicídio. O Inspetor da PRF nos falou que ele teve contato com o motorista da carreta e o motorista disse que estava andando na sua via, tranquilamente, quando um veículo branco invadiu a contramão e foi em direção a carreta, então a dinâmica criminal que a PRF possivelmente vá verificar seja essa”, finalizou Luana Alves.
A vítima
Caroline Naiane Brito Barbosa tinha 33 anos. Médica formada pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), trabalhava no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Hospital de Altos e era diretora clínica do Hospital de São Pedro do Piauí.
Médica é assassinada pelo ex-marido na frente da filha em Teresina
CRM divulga nota de pesar após assassinato da médica Caroline Naiane
Acidente que matou assassino de médica deixou dois feridos na BR 316
Ver todos os comentários | 0 |