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Ciência e Tecnologia

Mercado ilegal de smartphones explode no Brasil com chegada de chinesas

Segundo dados da IDC, vendas de aparelhos contrabandeados, sem garantia ou assistência técnica subiu 659% no 2º trimestre de 2019, após estreia de Huawei e Xiaomi no País.

A chegada oficial de marcas chinesas ao mercado brasileiro de smartphones teve um efeito colateral indesejado pela indústria: o aumento do mercado cinza de celulares. Ou seja, produtos comprados por vias não oficiais, sem garantia ou assistência técnica, tiveram uma explosão de vendas depois da ‘invasão chinesa’. Segundo dados da consultoria IDC, o mercado cinza teve crescimento de 659% no 2º trimestre de 2019, na comparação com o mesmo período do ano passado.

Ao todo, foram comercializadas 659 mil peças “ilegais” no mercado brasileiro entre abril e junho de 2019, contra 96 mil nos mesmos meses de 2018. A consultoria não cita marcas em específico, mas segundo apurou o Estado, Xiaomi e Huawei estão por trás desse crescimento indesejado – as duas empresas começaram a vender seus aparelhos no Brasil em maio. Já o mercado oficial de smartphones somou 12,1 milhões de peças vendidas no 2º trimestre, crescimento de 6,2%, segundo os números da consultoria.

A presença de aparelhos chineses no mercado cinza não é exatamente uma novidade. No começo da década passada, celulares de origem duvidosa e marcas ‘estranhas’ incomodavam o mercado oficial. A baixa qualidade, porém, rendeu má fama e uma troca natural por marcas conhecidas no mercado oficial. Agora, a situação é diferente.

Ao chegar oficialmente ao Brasil, Xiaomi e Huawei colocaram seus produtos em uma vitrine para um público maior, que pôde atestar a qualidade dos produtos e buscar opções mais baratas no mercado alternativo. “O consumidor brasileiro é bastante sensível a preço, de maneira que se há uma opção mais em conta, ele vai atrás dela”, diz Renato Meireles, analista da IDC no País. Segundo ele, o preço médio dos aparelhos comercializados no mercado cinza fica entre R$ 700 e R$ 800. Já o mercado oficial é mais “caro”, com valor médio por aparelho de R$ 1.252 no 2º tri – alta de 9% na comparação com o mesmo período de 2018.

Em alguns casos, o valor de um aparelho oficial pode ser suficiente para comprar dois celulares ilegalmente. É o caso do Redmi Note 7, da Xiaomi, que sai por R$ 1,3 mil na loja oficial da empresa, mas pode ser encontrado em sites de comércio eletrônico e no varejo popular por até R$ 650. A situação é ainda mais grave no caso do smartphone premium da marca, o Mi 9, que tem preço oficial de R$ 2,5 mil e chega a custar R$ 1,1 mil no varejo “alternativo”.

Nessa situação, nem mesmo as vantagens que algumas marcas vendem em sua presença oficial por aqui – como garantias contra defeitos e acesso à redes de assistência técnica – fazem diferença. “Com essa diferença de preço, se o aparelho ilegal estragar, muitos usuários vão lá e simplesmente compram outro. Não é todo mundo que liga para assistência técnica”, diz Meireles.

O que dizem as marcas

Procurada pelo Estado, a DL, empresa que representa a operação brasileira da Xiaomi, disse que não comentaria a reportagem, em alinhamento acertado com a operação global da marca chinesa.

Já a Huawei disse que orienta os consumidores a se certificarem de que estão adquirindo produtos originais homologados pela Anatel nas lojas e quiosques conveniados da marca no Brasil. “A empresa orienta o público a denunciar às autoridades caso identifiquem qualquer procedência ilegal de seus produtos. A marca tem conhecimento da comercialização não oficial de produtos de diversas marcas e condena qualquer tipo de compactuação e conivência com ações desta ordem”, disse ao Estado Daniel Dias, gerente de produto da Huawei no Brasil.

A reportagem apurou que outras marcas chinesas que não estão no Brasil também têm representatividade no mercado cinza – é o caso de Oppo e Vivo, que são, respectivamente, a quinta e a sexta maiores fabricantes de smartphones do mundo. Não é difícil, por exemplo, achar canais brasileiros no YouTube que recomendam essas marcas, apesar de contrariarem as regras da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que permitem apenas a venda de produtos homologados.

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