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Procurador Deltan Dallagnol vai deixar força-tarefa da Lava Jato

Em seu lugar, deve assumir o procurador Alessandro José Fernandes, que atualmente faz parte do grupo de trabalho da Lava Jato da PGR, chefiado pela subprocuradora-geral Lindôra Maria Araújo.

Após anos de atuação na Lava Jato, que levou à prisão e aos bancos dos réus alguns dos mais poderosos nomes do Executivo e do Legislativo no país, o procurador da República Deltan Dallagnol vai deixar a força-tarefa da operação, que comanda desde o início das investigações, em 2014. O motivo alegado é ter mais tempo para cuidar da saúde da família, segundo procuradores próximos. Em seu lugar, deve assumir o procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira, que atualmente faz parte do grupo de trabalho da Lava Jato da Procuradoria-Geral da República (PGR), chefiado pela subprocuradora-geral Lindôra Maria Araújo. Ela é uma das principais aliadas do procurador-geral da República, Augusto Aras.

A troca deve ser oficializada ainda nesta terça-feira, 1º. Procurados, Deltan e Oliveira ainda não se manifestaram sobre o tema.

O pedido de Deltan para deixar a Lava Jato foi protocolado nesta segunda-feira, 31, no MPF-PR. A permuta deve ser confirmada após as 17h, quando encerra o prazo para contestações ao procedimento interno. Se nenhum imprevisto surgir, Deltan assumirá o posto original de Alessandro no Ministério Público Federal (MPF) do Paraná — a atuação na PGR é uma designação temporária.

Em nota oficial, a força-tarefa confirmou as tratativas para a substituição de Deltan Dallagnol por Alessandro Oliveira.

A atuação do coordenador da principal operação contra corrupção no País tem sido alvo de diversas contestações no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), órgão que fiscaliza o trabalho dos procuradores. Denúncias feitas por políticos como Kátia Abreu (PDT-TO) e Renan Calheiros (MDB-AL) pediam seu afastamento do caso. Contudo, o procurador vinha relutando a deixar a Lava Jato.

“Qualquer um de nós teria saído antes na situação do Deltan. Por que trabalhar na LJ não é um exercício fácil. Todos nós temos que dedicar esforço extra para continuar trabalhando. Não havia como compatibilizar a Lava Jato com questões de saúde da família”, disse o procurador-regional da República Januário Paludo, que integra a Lava Jato. A informação sobre a saída de Deltan da equipe foi antecipada pela CNN Brasil.

A força-tarefa de Curitiba também tem sido alvo de Aras, que já disse ser preciso uma “correção de rumos” na operação para evitar o que chama de excessos. O procurador-geral foi ao Supremo Tribunal Federal exige acesso ao banco de dados da operação, que contém informações sigilosas sobre os investigados. A investida, porém, foi barrada pelo ministro Edson Fachin, relator do caso na Corte.

No ano passado, a imagem de Deltan sofreu desgaste após ter diversas mensagens via aplicativo de celular expostas pelo site The Intercept Brasil. O episódio, batizado de Vaza Jato, mostrou que ele mantinha contato frequente com o então juiz da operação, Sérgio Moro, com quem trocava informações sobre o caso. As conversas levantaram suspeitas sobre uma possível imparcialidade do magistrado ao julgar os processos relacionados à operação. Eles negam a autenticidade das mensagens divulgadas.

A força-tarefa da Lava Jato afirmou, em nota, que “Deltan desempenhou com retidão, denodo, esmero e abnegação suas funções, reunindo raras qualidades técnicas e pessoais”. “A liderança exercida foi fundamental para todos os resultados que a operação Lava Jato alcançou, e os valores que inspirou certamente continuarão a nortear a atuação dos demais membros da força-tarefa, que prosseguem no caso”, diz a nota.

Alessandro Oliveira, 40 anos, nascido em Curitiba, ingressou no Ministério Público Federal há 18 anos. Ele entrou no MPF do Paraná em 2012. O procurador já trabalhou no grupo de trabalho da Lava Jato da ex-procuradora-geral Raquel Dodge e é especialista em colaborações premiadas. Atualmente, ele se encontra na equipe da Lava Jato da PGR, comandada por Lindôra Maria Araújo. Antes de entrar para a área de investigações criminais, atuou como procurador regional Eleitoral no Estado do Paraná entre 2013 e 2017. Oliveira é mestre em Direito das Relações Sociais pela UFPR, é professor em disciplinas com ênfase no Direito Criminal e Processual Penal desde 1996 e docente nas disciplinas de persecução patrimonial e administração de bens na Escola Superior do Ministério Público da União.

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