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Teresina - Piauí

Projeto social na Piçarreira previne a depressão na 3ª idade

Fundado há 15 anos, o grupo oferece atividades como educação física, ioga, artesanato, dinâmicas e passeios de forma gratuita.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que até o ano de 2019 mais de 11,5 milhões pessoas foram diagnosticadas com depressão no Brasil. Dentre as faixas etárias pesquisadas, os idosos entre 60 e 64 anos são os mais afetados, compondo mais de 11% nas estatísticas sobre a doença.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), fatores como distanciamento familiar, limitações físicas, diminuição da autoestima e problemas relacionados ao bem-estar podem ser decisivos para o desenvolvimento do problema durante a terceira idade. E na contramão das perspectivas está projeto social Adeus Solidão, que reúne semanalmente uma turma bem animada de idosos no bairro Piçarreira, na zona leste de Teresina.

Fundado há 15 anos, o grupo oferece atividades como educação física, ioga, artesanato, dinâmicas e passeios de forma gratuita. Ao GP1, a coordenadora do projeto, Maria dos Remédios, explicou que embora o grupo seja formado em sua maioria por pessoas da terceira idade, a ação social é aberta a todos os públicos.

“O grupo Adeus Solidão surgiu porque eu senti a carência das pessoas idosas, isoladas nas suas casas, não ter para onde ir, não tinha nada aqui no bairro para eles se divertirem e, então, surgiu o grupo. Eu, desde jovem, tinha vontade de trabalhar com idosos e até que eu conheci a professora Aldenora, que ministra aulas de ioga, e me incentivou a criar o grupo. Eu sou voluntária, criadora do grupo e a gratidão é o pagamento que eu recebo de Deus”, relatou a coordenadora.

Trabalhando a ludicidade

A pedagoga Jeylamara Soares, que atua no projeto há alguns anos, explicou que o trabalho do profissional da pedagogia junto aos idosos gira em torno do desenvolvimento de atividades lúdicas, trabalhando a concentração e moldando formas de mantê-los ativos.

“Eu, enquanto pedagoga, procuro buscar deles a atividade que eles têm, da infância, da adolescência, fazer resgates. Já houve casos aqui que idosos não sabiam registrar o próprio nome, a própria escrita, que é algo nosso, algo que a gente carrega. Mas eles não sabiam. Quando iam assinar ainda usam o dedo no carimbo. E a partir daí desenvolveram a escrita e a felicidade de estarem escrevendo o próprio nome”, destacou a pedagoga.

Fortalecimento do corpo

De acordo com o educador físico, Cláudio Oliveira, as substâncias conhecidas como neurotransmissoras - Noradrenalina, Serotonina e Dopamina, responsáveis por levar mensagens de estímulo ao cérebro humano, tem sua produção aumentada com a prática regular da atividade física.

O professor explicou como trabalha o corpo junto aos idosos. “Primeiro a gente faz um aquecimento junto com um alongamento e daí a gente faz uma dança, fazemos movimentos corporais e exercícios funcionais adaptados para o idoso, respeitando os limites de cada um”, disse o professor.

Adeus solidão

Sozinha durante grande parte do dia, a aposentada de 83 anos, Maria Sales, revelou a satisfação em participar do grupo. Animada e com um vigor físico de dar inveja, a idosa é uma das fundadoras do projeto e foi firme ao dizer que a idade avançada não é impedimento para ser feliz.

“Eu vou continuar fazendo porque é uma beleza, a gente esquece aquilo que passou, esquece as preocupações e aprendemos muitas coisas. Fazemos flores, enfeitamos jarros e é muito bom. Porque muitas vezes estamos naquela solidão, sozinha em casa, como acontece comigo, aí eu venho para cá, fico ativa e adeus solidão”, disse Maria Sales.

Aberto e gratuito

Atualmente, o grupo se reúne as terças e quintas-feiras, entre 8h e 10h30, na rua Osvaldo Costa e Silva, em um espaço ao lado a igreja católica de São Francisco e Santa Clara, no bairro Piçarreira. A vice-coorenadora do grupo, Dilma Almeida, convocou os interessados em conhecer o grupo e dar adeus à solidão.

“Para nós é uma alegria. E esse nosso trabalho tem esse objetivo de transformar a vida das pessoas, de transformar a solidão em solicitude. A solidão é um estado de abandono e de tristeza e o nosso grupo é um grupo de solicitude, onde todos se sentem bem consigo mesmos e fortalecidos para a luta do dia a dia”, finalizou.

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