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Ciência e Tecnologia

Toque do celular pode elevar níveis de estresse, aponta pesquisa

Evidências sugerem que smartphones interferem no sono, autoestima, memória e criatividade.

Enquanto os smartphones se tornam cada vez mais indispensáveis à nossa vida, aumentam as evidências de que são péssimos para a nossa saúde. Eles estão ligados à depressão e à ansiedade; o uso de celulares libera um hormônio que contribui para o diabete, a hipertensão, ataques cardíacos e derrames. O tempo gasto diante das telas tornou-se algo tão difundido que um consórcio de cientistas declarou em um estudo publicado na revista Human-Computer Interaction que favorece o emprego de um termo mais abrangente “screenoma” ("doença da tela").

Medir o tempo gasto no Facebook é uma das medidas. Mas os pesquisadores afirmam que “os cientistas deveriam espiar por cima dos ombros das pessoas, em termos digitais, e gravar tudo, em cada dispositivo, o que um indivíduo vê, faz e digita”, escreveu Benedict Carey . Esta é a única maneira para se ter um quadro completo da experiência de um usuário e dos seus efeitos.

O resultado seria o DNA digital, uma sequência desconexa de telas absolutamente única para cada um. “A questão é: sua linha é a sua, a minha é a minha, e nós a usamos para regular as nossas emoções, pesar os fatos por diversão, da nossa maneira idiossincrática”, disse Byron Reeves, um dos autores do estudo.

As evidências sugerem que o nosso smartphone interfere no nosso sono, na autoestima, nos relacionamentos, memória, atenção, criatividade, e na capacidade de solucionar problemas e tomar decisões. Cada toque do celular eleva o nível de cortisol no organismo. O cortisol está associado ao estresse, e a sua liberação desencadeia mudanças no organismo, como picos de pressão arterial, dos batimentos cardíacos e do nível de açúcar no sangue.

“Toda doença crônica que conhecemos é exacerbada pelo estresse”, afirmou Robert Lustig, professor da Universidade da Califórnia em San Francisco. “E os nossos celulares estão contribuindo definitivamente para isto”. O americano médio gasta quatro horas por dia olhando o seu aparelho e o pega na mão 52 vezes.

O colunista especializado em tecnologia do The Times, Kevin Roose, registrou 5 horas e 37 minutos, e o pegou 101 vezes em um dia comum. “É algo realmente insano e faz com que, às vezes, eu tenha vontade de a morrer”, escreveu a Catherine Price, sua amiga e autora de How to Break Up With Your Phone, que concordou em ajudá-lo com um programa de reabilitação, de 30 dias de duração.

Ele começou colocando uma faixa de borracha em torno do celular, uma espécie de quebra-mola para se impedir de ligá-lo inconscientemente. Em seguida, deletou todos os aplicativos que não lhe proporcionavam alegria e não contribuíam para a sua saúde e felicidade, “o tratamento Marie Kondo”, escreveu Roose, e desabilitou todas as notificações de envio com a exceção das mais essenciais. Nas caminhadas, ele deixava o celular no bolso e passou a admirar a arquitetura dos lugares. Quando um amigo chegou tarde para o almoço, ele simplesmente olhou para fora da janela.

Depois de 30 dias, Roose olhava em média diariamente para a tela do celular pouco mais de uma hora, e o verificava cerca de 20 vezes. Aí se deu conta de que se acostumara a pegá-lo de maneira inconsciente e instintiva. Então começou a perceber que se sentia desconfortável com o silêncio e começou a fazer contato visual com as pessoas durante as conversações; o seu relacionamento com a esposa se tornou mais próximo. Roose descobriu um novo amor pela realidade.

“Algumas semanas atrás, o mundo no meu celular parecia mais interessante do que o mundo offline - mais colorido, mais rápido e com uma gama mais ampla de satisfações”, escreveu. “Ainda amo o mundo, e provavelmente sempre amarei. Mas agora, o mundo físico me instiga também - aquele mundo que tem lugar para o tédio, para mãos ociosas e espaço para refletir”.

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