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Teresina - Piauí

Exclusivo! Veja depoimento de jovem que foi escravizada por 15 anos em Teresina

A empresária acusada de manter a vítima em cárcere privado foi presa pela Polícia Civil nesta terça (23).

O GP1 obteve acesso, com exclusividade, ao depoimento da jovem de 27 anos que foi mantida em condições análogas a escravidão por 15 anos, em uma residência, no bairro Ilhotas, em Teresina. A acusada de manter a vítima em cárcere privado é a empresária e fisioterapeuta Francisca Danielly Mesquita Medeiros, presa pela Polícia Civil no início da tarde dessa terça-feira (23).

Segundo o delegado Odilo Sena, titular do 6º Distrito Policial, a vítima, natural do município de Chapadinha (MA), foi trazida para Teresina aos 12 anos de idade e nunca mais voltou para casa, permanecendo esses últimos 15 anos na residência da acusada, sendo obrigada a trabalhar, sem estudar.

Foto: Reprodução/FacebookFrancisca Danielly Mesquita Medeiros
Francisca Danielly Mesquita Medeiros foi presa

Danielly Mesquita, que é sócia e uma das diretoras da Cooperativa de Trabalho Empreendedor e Catadores de Materiais Recicláveis do Estado do Piauí (COOTERMAPI), foi presa em casa, no bairro Ilhotas, zona sul de Teresina, durante o cumprimento a um mandado de prisão temporária.

Foto: ReproduçãoJovem escravizada por 15 anos reencontrando a mãe
Jovem escravizada por 15 anos reencontrando a mãe

Em seu depoimento, a jovem narra que sofreu os mais diversos tipos de maus-tratos na casa de Danielly Mesquita.

Veja os principais trechos do depoimento:

A jovem relatou que 15 anos atrás Danielly Mesquita foi buscá-la em sua casa na zona rural de Chapadinha (MA), afirmando aos seus pais que ela só iria passar o feriado da Semana Santa na sua residência em Teresina e que, depois, retornaria, o que não aconteceu.

Segundo a vítima, Danielly convenceu seus pais a deixá-la morando com ela em Teresina, sob a promessa de que garantiria sua educação, contudo, a jovem nunca teve acesso aos estudos, como prometido.

Cárcere privado

Ainda conforme a jovem, Danielly Mesquita passou a mantê-la em cárcere privado, proibindo-a de ter vida social e amigos e de ter contato com os próprios pais. As únicas vezes que ela era autorizada a sair de casa era para ir ao mercado e levar um dos filhos de Danielly para a escola e para a terapia, em dias de segunda-feira e quarta-feira.

Trabalho análogo à escravidão

A vítima disse ainda que era responsável por todo o trabalho doméstico: limpar a casa, cozinhar, lavar e passar roupas e cuidar dos filhos de Danielly, e que nunca recebeu qualquer dinheiro por isso.

Violência física e ameaças

A vítima narrou ainda que, frequentemente, Danielly Mesquita batia em seu rosto e a humilhava, e que já chegou a ameaçá-la, dizendo que iria "tirar seu coração com uma faca". Segundo ela, na última sexta-feira (19) Danielly a agrediu com arranhões no pescoço e no braço.

Por fim, a jovem informou que há cerca de dois meses, conheceu um homem enquanto ia deixar o filho de Danielly na escola, e iniciou um namoro com ele. Esse homem, segundo ela, lhe deu de presente um aparelho celular, para que mantivessem contato, entretanto, Danielly teria tomado o telefone dela e um homem chamado Eliezer, pai do filho mais novo da empresária, foi atrás do namorado da vítima para devolver o objeto e ameaçá-lo. Foi justamente esse homem que denunciou o caso à polícia.

Prisão temporária

Danielly Mesquita foi presa temporariamente, no entanto, o delegado Odilo Sena adiantou que pedirá a decretação da prisão preventiva.

Reencontro com a mãe

Logo após ser resgatada, a jovem reencontrou sua mãe, na sede do 6º Distrito Policial. Um vídeo divulgado pelo GP1 mostrou o momento do reencontro emocionante.

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