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Belford Roxo - Rio de Janeiro

Ministra do Turismo é alvo de denúncias por ligação com milícia no RJ

Ela teve quase metade dos votos válidos de Belford Roxo, a maior concentração dada em um município no RJ.

A ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, foi alvo de denúncias nesta semana dando conta que ela estaria ligada a uma tradicional milícia que atua na cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.

A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo que evidenciou uma foto em que Daniela Carneiro aparece ao lado do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, apontado como chefe da milícia acusada de vários assassinatos em Belford Roxo. Ele está preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói, onde cumpre pena de 26 anos por homicídio e associação criminosa.

Jura atuou diretamente na campanha de Daniela Carneiro em 2018, quando ela concorreu a uma vaga na Câmara de Deputados, eleição em que Daniela foi a deputada federal mais votada no estado do Rio de Janeiro. Ela concentrou 49% dos votos válidos, que representa quase metade dos registrados em Belford Roxo para o cargo de deputado federal.

Ligação com o miliciano

Conforme as informações divulgadas pela Folha de São Paulo, depois da prisão de Jura, quem assumiu a milícia foi o PM Fábio Sperendio de Oliveira. Até dezembro, ele era funcionário na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, no gabinete do deputado Marcelo Canella (União Brasil). Contudo, a real função era como segurança de Daniela Carneiro e do marido dela, o prefeito da cidade de Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, conhecido por Waguinho (União Brasil).

Denúncias

Durante a campanha eleitoral do ano passado, com o uso da milícia, o casal foi acusado de “fechar a cidade”, ou seja, impedir que adversários do PT fizessem campanha no município. Além disso, pressionaram os servidores públicos e a população a votar em Luiz Inácio Lula da Silva. Houve cerca de 200 denúncias sobre o que acontecia no município feitas à Superintendência da Polícia Federal, ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público Federal. Os documentos foram protocolados pelo deputado federal Carlos Jordy (PL), que ainda protocolou um requerimento de convocação para que Daniela do Waguinho preste esclarecimentos sobre sua ligação com o miliciano Jura.

A Revista Oeste teve acesso a algumas representações encaminhadas às autoridades. Segundo as denúncias, o prefeito, seus secretários e vereadores obrigaram funcionários da administração municipal a participarem de atos de campanha de Lula. Fora feitas ameaças de demissão, perda de cargo, ou mesmo suspensão do pagamento de salários, a fim de coagir os servidores em favor do petista.

“Funcionários foram obrigados a comparecer a comícios, usando adereços e fazendo gestos relacionados ao candidato, trocar fotos de perfil em redes sociais e produzir imagens fazendo o “L””. Além de funcionários, comerciantes e moradores relataram ameaças por meio do fechamento de estabelecimentos comerciais e aumento de impostos municipais. “Uma denúncia narra que o prefeito interditou um comércio depois que o proprietário retirou a propaganda de Lula do comércio”, consta em um dos documentos.

Grupo da ministra não tem oposição

Belford Roxo é uma cidade há 158 quilômetros da capital, com 513 mil habitantes. A Câmara tem 25 vereadores, e um único parlamentar de oposição, Daniel Silva de Lima, o Danielzinho, que chegou a perder o mandato depois de apontar irregularidades no governo de Waguinho. Em 2021, Danielzinho denunciou que respiradores doados no auge da pandemia pelo governo do Rio para o Hospital Municipal de Belford Roxo foram parar em uma unidade particular do município. A prefeitura nega que isso tenha ocorrido.

Depois de onze meses, o vereador voltou ao cargo por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) que julgou improcedente a medida liminar da Câmara que afastou Danielzinho.

No ano passado, Danielzinho concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa. Numa caminhada com apoiadores, foi agredido por seguranças de Waguinho. Ele registrou boletim de ocorrência na delegacia e na Corregedoria da Polícia Militar do Rio de Janeiro, já que entre eles, estavam policiais.

“Quem é contra o prefeito é perseguido, seja político, empresário ou população. Ele usa a máquina pública para prejudicar quem não concorda com ele”, afirma o agora ex-vereador.

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