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Colunista Brunno Suênio
GP1

Polícia rastreia dinheiro que financiou morte do empresário Janes Castro

Nino, agenciador do crime, movimentou R$ 1,3 milhão e empresário é peça-chave para a elucidação do caso.

O GP1 dá continuidade nesta quarta-feira (07) à série de reportagens, com conteúdo exclusivo, sobre a trama envolvendo o assassinato do empresário e advogado Janes Cavalcante de Castro, crime ocorrido em 18 de setembro de 2020, em Parnaíba, litoral do Piauí.

Documentos obtidos pela Coluna revelam a participação de uma figura importante no quebra-cabeça, o empresário Flávio Leal dos Santos, que se manteve por meses foragido da Polícia Civil e conseguiu, no “apagar das luzes”, escapar da cadeia.

Foto: DivulgaçãoJanes Castro
Janes Castro

Logo depois de chegar a todo o núcleo dos executores materiais da morte do empresário, liderado por Evando Tenório Brito, considerado o chefe do grupo de pistoleiros, a Polícia Civil do Piauí conseguiu identificar Mário Roberto Bezerra Correia, vulgo Nino, como responsável pelo agenciamento do “escritório do crime” contratado para matar Janes.

Documentos, aos quais a Coluna teve acesso, mostram uma importante movimentação financeira, capitaneada pela esposa de Nino, Elisabeth Ruth Rangel Siqueira, que ficou responsável por fazer transferências bancárias para garantir toda a logística do crime, começando pelo deslocamento dos pistoleiros e veículos do estado de Pernambuco até Parnaíba. 

As quebras de sigilos das contas bancárias de Nino e da esposa, determinadas pela juíza Maria do Perpetuo Socorro Ivani de Vasconcelos, trouxeram à tona uma intensa movimentação financeira entre os personagens Nino (agenciador dos pistoleiros) Elisabeth (esposa de Nino), e o empresário Flávio Leal dos Santos, este último vinculado às empresas Geralog Transportadora, Transportadora Trans Eletro e Transportadora Leal

Dinheiro usado para financiar o crime

As quebras de sigilos bancários – às quais o GP1 teve acesso – permitiram que a Polícia Civil identificasse transações financeiras três meses antes do assassinato de Janes. O dinheiro saía ora pela conta pessoal de Flávio Leal, ora pelas contas das empresas Geralog Transportadora (da qual Flávio já foi sócio), bem como pela Transportadora Trans Eletro. 

Através dessas quebras de sigilos foi possível detectar várias transações financeiras. A primeira delas foi um depósito de Elisabeth (esposa de Nino) para a Transportadora Trans Eletro (ligada a Flávio Leal) no valor de R$ 6.000,00 no dia 19/6/2020. Outro depósito, onze dias depois, no valor de R$ 4.200,00, realizado em 30/6/2020, e um terceiro, no valor de R$ 9.100,00 em 02/07/2020. Este último pagamento foi feito dias antes dos pistoleiros virem a primeira vez ao Piauí para fazer levantamento das informações.

E a movimentação não findou. Em 25 de fevereiro de 2021 foi feito um depósito no valor de R$ 5.000,00 de Nino para Flávio e em 02 de março de 2021 foram realizados depósitos de Flávio para Nino, em valores de R$ 10.000,00 por duas vezes, totalizando R$ 20.000,00.

A Polícia Civil encontrou ainda um comprovante do banco Nubank, onde Flávio Leal transferiu R$ 1.600,00 para a esposa de Nino. 

Ainda conforme as investigações, Nino movimentou grande quantidade de dinheiro em sua empresa, aproximadamente R$ 1,3 milhão. 

Esposa de Flávio Leal entra em contradição

A advogada Carla Mariah Galeno Melo Leal, esposa de Flávio Leal, que ficou cuidando dos negócios enquanto ele esteve longe dos holofotes, foi intimada pela Polícia Civil, a fim de explicar os valores recebidos pelas empresas ligadas ao marido. 

O objetivo era explicar a origem da relação financeira que ligava Nino, Elisabeth e Flávio. Porém, ao ser indagada sobre qual teria sido o serviço contratado por Elisabeth Ruth Rangel (esposa de Nino) junto às empresas de Flávio, Carla Mariah caiu em contradição, dizendo que o marido havia comprado dois 'garrotes' de Nino e que, portanto, o dinheiro fora usado para isso, quando na verdade, a transferência foi feita por Elisabeth, que depositou o valor na conta da empresa Eletro Trans, vinculada ao esposo de Carla Mariah.

Advogada Carla Mariah matinha ligação próxima com esposa do agenciador do crime

A quebra de sigilo permitiu à Polícia encontrar outra forte ligação entre Flávio e Nino: a utilização do mesmo Imei por Carla Mariah, esposa de Flávio, e Elisabeth Rangel, esposa de Nino. O Imei é a identificação única do aparelho celular, como se fosse o CPF de uma pessoa. 

O número de telefone registrado em nome da advogada Carla Mariah foi utilizado no Imei 35534410123. Esse mesmo Imei também foi utilizado no número de telefone de Elisabeth Ruth Rangel, esposa de Nino, evidenciando a estreita relação entre Nino e Flávio. 

Irmão de Flávio Leal também cuidou de empresas 

O irmão de Flávio Leal, Danilo Leal, também cuidou da parte burocrática das empresas, juntamente com Carla Mariah Galeno. Este personagem, Danilo Leal, terá importante papel nas demais reportagens que serão apresentadas nesta Coluna.

Pedidos de prisão

Diante dos fortes indícios do envolvimento de Flávio Leal no assassinato de Janes Castro, a Polícia Civil pediu a prisão temporária do empresário, que foi deferida pela juíza Maria do Perpetuo Socorro Ivani de Vasconcelos, em 25 de janeiro de 2022.

Foragidos

Durante a Operação Sicário II, em setembro deste ano, os policiais tentaram localizar o empresário Flávio Leal em seus endereços em Teresina, mas nem ele, nem Nino e Elizabeth, que também foram alvos dos mandados de prisão, foram encontrados pela Polícia Civil.

GP1 traz novos detalhes embaraçosos ainda nesta quarta-feira

Ainda nesta quarta-feira (07), a Coluna vai trazer um aspecto importante para o rumo da trama envolvendo a morte de Janes Castro. Após resultado da Operação Sicário II, tem-se início uma série de suspeições no Poder Judiciário parnaibano, travando o andamento das investigações para se chegar ao mandante do assassinato do empresário.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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