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Economia e Negócios

"Acreditávamos que tudo estava correto", afirmam sócios da Americanas

Presidente da Abradin, Aurélio Valporto, acusa a administração da empresa de participação no esquema.

O trio de sócios das Lojas Americanas formado pelos bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira afirmou nesse domingo (22), que não sabia do rombo milionário da empresa. Foi a primeira vez que eles se pronunciaram desde o anúncio do prejuízo.

Na nota pública, os empresários afirmaram que jamais aceitariam qualquer dissimulação contábil na empresa. “Nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal”, diz trecho.

Foto: Lucas Dias/GP1Lojas Americanas
Lojas Americanas

Em outro ponto da nota, os empresários afirmam que nem os bancos que mantinham operações com a empresa e nem a PwC, empresa de auditoria da Americanas, apontaram qualquer irregularidade nas contas da empresa.

A Americanas foi comprada em 1982 por Lemann, Telles e Sicupira, atualmente sócios da holding 3G, que controlam empresas como o Burguer King e a AB Inbev – considerada a maior cervejaria do mundo. Em 2022, a Forbes elegeu os três para o top 10 dos brasileiros mais ricos.

A afirmação dos empresários vai de encontro ao presidente da Associação Brasileira de Investidores (Abradin), Aurélio Valporto, que acusa a administração da empresa de participar do esquema. "É muito improvável que um golpe desse tamanho ocorra sem que houvesse ciência da antiga diretoria da Americanas e dos ditos acionistas de referência", declarou o especialista.

Confira a nota de Lemann, Telles e Sicupira na íntegra:

“Em 11 de janeiro de 2023, por meio de ‘fato relevante’, a Americanas S.A. tornou pública a existência de significativas inconsistências em sua contabilidade. Desde então, sempre com transparência e imediatismo, vários esforços vêm sendo feitos para o correto tratamento dos desafios que hoje se colocam à empresa. Usamos dessa mesma clareza para esclarecer de modo categórico e a bem da verdade que:

1) Jamais tivemos conhecimento e nunca admitiríamos quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia. Nossa atuação sempre foi pautada, ao longo de décadas, por rigor ético e legal. Isso foi determinante para a posição que alcançamos em toda uma vida dedicada ao empreendedorismo, gerando empregos, construindo negócios e contribuindo para o desenvolvimento do país.

2) A Americanas é uma empresa centenária e nos últimos 20 anos foi administrada por executivos considerados qualificados e de reputação ilibada.

3) Contávamos com uma das maiores e mais conceituadas empresas de auditoria independente do mundo, a PwC. Ela, por sua vez, fez uso regular de cartas de circularização, utilizadas para confirmar as informações contábeis da Americanas com fontes externas, incluindo os bancos que mantinham operações com a empresa. Nem essas instituições financeiras, nem a PwC jamais denunciaram qualquer irregularidade.

4) Portanto, assim como todos os demais acionistas, credores, clientes e empregados da companhia, acreditávamos firmemente que tudo estava absolutamente correto.

5) O comitê independente da companhia terá todas as condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras.

6) Manifestamos mais uma vez nosso compromisso de integral transparência e de total colaboração em tudo que estiver ao nosso alcance para esclarecer todos os fatos e suas circunstâncias.

7) Lamentamos profundamente as perdas sofridas pelos investidores e credores, lembrando que, como acionistas, fomos alcançados por prejuízos.

8) Reafirmamos o nosso empenho em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor para a empresa, seus milhares de empregados, parceiros e investidores e em chegar a um bom entendimento com os credores.”

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