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Impeachment de Trump fica indefinido após morte de Qassim Suleimani

Entre os democratas, há o receio de que insistir no processo, abra espaço para os republicanos acusá-los de tentar derrubar o líder do país, em meio a uma possível guerra.

A ordem do presidente Donald Trump para matar o general Qassim Suleimani, acusado de terrorismo pelos Estados Unidos e Israel, embaralhou as cartas do julgamento de impeachment. Neste momento, parte dos democratas está com receio de removê-lo da Casa Branca, diante da possibilidade de uma guerra.

Várias deputados democratas previram que a Câmara, nos próximos dias, iria levar até o Senado as acusações de abuso de poder e obstrução do Congresso, pelas quais eles acusam Trump. No entanto, eles temem que a continuidade do processo leve o Partido Republicano a acusá-los publicamente de tentar minar o líder máximo do país, em meio a uma grave crise de segurança nacional.

Nas duas últimas semanas do recesso de final de ano, a líder da Câmara Nancy Pelosi se debruçou sobre os artigos de impeachment, para dar ao líder democrata no Senado, Charles Schumer, a munição necessária para que ele conseguisse fazer boas negociações com o republicano Mitch McConnell, que é o presidente da casa.

Na última sexta-feira, 3, McConnell travou em duro embate com Schumer. Entre as acusações, o republicano deixou claro que os "democratas não possuem nenhuma prova contra Trump". No entanto, a situação é ainda mais delicada, se for considerado o fato de que os artigos precisarão ser entregues mediante um impasse tenso e potencialmente perigoso no Oriente Médio.

Ainda ontem, poucas horas depois do ataque que matou Suleimani, Nancy mandou em e-mail aos seus colegas democratas, com artigos chave para uma possível discussão sobre o impeachment, no qual os encorajava a "convidar McConnell a se comprometer com um julgamento justo no Senado".

Momentos após, ela voltou atrás e disse que iria transmitir suas conclusões "eventualmente". O momento exato, não ficou claro."Todo senador agora enfrenta uma difícil escolha: ser leal ao presidente ou à Constituição", disse Nancy no e-mail.

Enquanto isso, os republicanos estão gostando do atual cenário. O senador Mark Meadows, um dos mais apaixonados aliados de Trump, argumentou que com o impeachment, os democratas estavam apenas "fazendo política". Ele também disse que nesse meio tempo, o presidente estava ocupado "derrubando um general que tem manchas de sangue americanas nas mãos"

Seu colega republicano, o senador Steve Scalise, concordou, adicionando que Trump estava focado em defender o país, em meio a um "assédio" democrata. "Claramente, o presidente mostrou que consegue manter o foco no trabalho principal, que é deixar os americanos seguros", disse. "Mas parece que Pelosi está apenas voltada para a sua obsessão com o impeachment".

No entanto, alguns democratas parecem confiantes com a decisão de afastar Trump. Para o deputado Ro Khanna, da Califórnia, o ataque serve para "mostrar o risco que o presidente continua a representar para a segurança nacional". Ele também acrescentou que "da perspectiva dos que votaram pelo impeachment", fica ainda mais "urgente" a necessidade de "retirar o presidente e responsabilizá-lo".

A deputada Elissa Slotkin, de Michigan, acredita que o conflito não muda sua "obrigação constitucional". Ela é uma ex-analista da CIA e especialista em milícias xiitas, que já fez três visitas ao Iraque antes de trabalhar no Pentágono.

Elissa alega ser possível "responsabilizar o presidente", enquanto lidam com a "política externa" dos Estados Unidos. "Acho que como um país, precisamos conseguir fazer várias coisas difíceis ao mesmo tempo".

Já o deputado Whip Daniel Kildee, de Michigan, pensa que é "importante para o mundo ver" que os Estados Unidos são um país que "acredita no estado de direito". Ele também disse que os democratas irão seguir dando continuidade ao processo de impeachment, "não importa o que mais esteja acontecendo no mundo".

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